sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Morreu a Duquesa de Alba

Maria João Carvalho para a euronews e rotativas

Cayetana Fitz-James Stuart, Dona Cayetana ou simplesmente Duquesa de Alba e de Berwick. Vários nomes para se referir a aristocrata com mais títulos de nobreza da Europa, cerca de meia centena, que esta quinta-feira nos deixou, aos 88 anos de idade. Morreu no seu venerado Palacio de Dueñas, rodeada pelos seis filhos e pelo terceiro marido, Alfonso Díez. Por sua prórpria vontade, deixou o hospital de Sevilha (padecia de uma pneumonia e de uma arritmia cardíaca) na terça-feira, “para ir morrer junto dos seus, no Palácio” – foi a terceira mulher a dirigir a Casa de Alba em mais de 500 anos.
Dona Cayetana nasceu em 28 Março de 1926, no Palacio da Líria, em Madrid. É filha de Jacoco Fitz-Stuart y Falcó, o Duque de Alba, e Maria del Rosario de Silva e Gurtubay, que morreu quando Cayetana tinha apenas 6 anos, uma circunstância que iria marcar para sempre a sua agitada vida. Em 1953 o pai morreu também, e Caytana converteu-se, aos 27 anos, na décima oitava duquesa de Alba. Estudou em Paris, depois de deixarEspanha, com a chegada da República, em 1931. Também viveu en Londres, mas o seu verdadeiro lar era em Sevilha, onde tinha a mais preciosa das suas belíssimas probriedades: o Palácio de Dueñas.
Considerada uma mulher adiantada ao seu tempo, a afilhada de Afonso XIII converteu-se na XVIII duquesa de Alba depois da morte do pai, dedicando grande parte da sua vida à manutenção e conservação do património da Casa de Alba.
Tinha um património avaliado em cerca de 3.000 milhões de euros – segundo a revista Forbes – que inclui palácios, castelos, campos e terrenos agrícolas, investimentos em bolsa, obras de arte e outros bens.
Monárquica e defensora da Coroa, amiga de Juan Carlos e Sofia e “contente” com a chegada de Felipe VI ao trono, a duquesa sempre foi uma mulher apaixonada pela vida.
Doña Cayetana era 20 vezes Grande de Espanha, tinha uma lista de títulos mais vasta do que qualquer outro aristocrata na Europa. Era Condessa, Marquesa e Viscondessa, além de ser a filha predileta da Andaluzia e filha adotiva de Sevilha. Acima de tudo, para todos, era a
Apesar da linha descendente da duquesa espanhola ser de um filho ilegítimo, Jacobo Fitz-James Stuart, Cayetana é considerada uma descendente dos Stuart, a principal casa real escocesa.
Considerada uma mulher adiantada ao seu tempo, a afilhada de Afonso XIII, dedicou grande parte da sua vida à manutenção e conservação do património da Casa de Alba.
Casou-se três vezes: a primeira, com Luis Martínez de Irujo, com quem teve seis filhos. Martínez de Irujo morreu em 1972. Casou-se depois com o jesuíta Jesus Aguirre – num casamento que suscitou muitas conversas na alta sociedade pelas ‘atrevidas’ poses fotográficas – e, finalmente, com Alfonso Diez.


Com a morte de Cayetana de Alba desaparece uma mulher que representa uma época sem precedentes, com figuras de grande relevo histórico, adiantam os órgãos de comunicação soial espanhóis.
Em criança brincou com a rainha Isabel II de Inglaterra, conheceu Churchill, Onassis e os Kennedy e recebeu em sua casa Sofia Loren, Claudia Cardinale e Audrey Hepburn.
Uma das figuras mais reconhecidas da nobreza e do ‘jet-set’ espanhol, Cayetana sempre foi distinguida pela forma como se relacionava com os cidadãos de Sevilha e do resto de Espanha, seguindo um lema que ela própria defendia: “viver e deixar viver”.
María del Rosario Cayetana Paloma Alfonsa Victoria Eugenia Fernanda Teresa Francisca de Paula Lourdes Antonia Josefa Fausta Rita Castor Dorotea Santa Esperanza Fitz-James Stuart y de Silva Falcó y Gurtubay ou, simplesmente, Cayetana de Alba disse sempre ter tido uma vida “vivida com intensidade, como se não houvesse amanhã, gozando sempre o máximo”.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Armistício: a décima primeira hora do décimo primeiro mês de 1918


No 11° dia, à 11a primeira hora, do 11° mês, terminou a I Guerra Mundial.
No entanto, este fim das hostilidades já tinha sido visionado um mês antes quando, a 29 de Setembro, o Comando Supremo do Exército Alemão informou o Kaiser Guilherme II de que a situação não tinha solução.

Entre 29 e 30 de Outubro, os marinheiros do porto de Guilherme, revoltaram-se e a sua revolução espalhou-se por toda a Alemanha, uma república foi proclamada a 9 de Novembro e o Kaiser abdicou. A Chancelaria foi entregue ao social-democrata Friedrich Ebert.
No dia 8 de Novembro, uma delegação alemã chefiada por Matthias Erzberger atravessou a Frente no norte da França e dirigiu-se para um local secreto na floresta de Compiègne, era a carruagem de comboio privada do marechal francês Ferdinand Foch, o representante alemão entregou os termos da rendição exigidos pelos aliados e deu à delegação alemã, um prazo de 72 horas para aceitar. No terceiro dia Foch regressou à carruagem para verificar se o Armistício estava assinado. Estava.
O armistício que na prática significou a rendição da Alemanha, não significou o fim da guerra, mas a cessação das hostilidades. O fim da guerra só foi formalizado a 28 de Junho de 1919, precisamente cinco anos após o assassinato do Arquiduque Francisco Fernando, com a assinatura do Tratado de Versalhes.

No entanto, a morte do Arquiduque, em Sarajevo, a 28 de junho de 1914, apenas culmina um período de crescente tensão entre as grandes potências europeias, alimentado por ideologias nacionalistas e militaristas, sendo o acontecimento que faz despoletar a Primeira Guerra Mundial. A Guerra deflagra nos primeiros dias de agosto de 1914, e rapidamente se mundializa, assumindo tal dimensão e brutalidade, que ainda nos nossos dias é designada, em vários países, por A Grande Guerra.





Durante esta guerra, estima-se que morreram cerca de 10 milhões de pessoas, sobretudo na Europa, e ficaram inválidas mais 20 milhões.A Grande Guerra atingiu uma escala e intensidade até então desconhecidas. Pôs em confronto mais soldados, provocou mais mortes e causou maiores destruições materiais do que qualquer outra guerra anterior. Provocou milhares de prisioneiros e desaparecidos, arrazou cidades e campos em toda a Europa.

Mas é o armistício de 11 de novembro de 1918 (há 96 anos)  que assinala a rendição da Alemanha e o fim da Primeira Guerra Mundial. O dia 11 de novembro tornou-se o dia da lembrança em homenagem aos soldados.

O presidente Hollande, no seu discurso, vai lembrar o caráter rico destas cerimónias do centenário da guerra em França e tentar tirar lições da história para o futuro. Hoje, as nações dispõem de meios para resolver diferendos através do diálogo, quer os utilizem ou não.

O ponto alto das cerimónias deste dia é a inauguração do Anel da Memória na necrópole de Notre-Dame-de-Lorette, em Ablain-Saint-Nazaire, por François Hollande, presidente da República francesa. Com intervenções ao vivo de vários pontos da linha da frente da Grande Guerra. Mas, apesar da vontade do presidente francês, a dimensão internacional permanente que pretendeu dar a quatro anos de comemorações não tiveram eco no resto da Europa - vão estar presentes apenas sete ministros, entre os quais o português. O Desembarque já celebrou suficientemente a união de esforços para defender a Europa. Países como Portugal prefriram investir em Bibliotecas digitais do ministério da Defesa os documentos e cartas dos veteranos da I Guerra Mundial para consulta de todos. A Liga dos Combatentes fez a cerimónia no dos 96 anos do Armistício e dos 40 anos do fim da guerra ultramarina, no domingo passado.

O monumento Anel da Memória presta homenagem a soldados mortos durante a I Guerra Mundial e tem a envergadura requerida pelas homenagens do centenário. É inaugurado neste dia com tanto sentido para a Europa e para o mundo, em Pas de Calais, onde se reunem numa fraternidade póstuma o nome de 580 mil soldados escritos em placas de aço de 3 metros de altura, por ordem alfabética, independentemente da sua religião, nacionalidade ou origem. Entre estes, estão o nome de 2260 soldados portugueses.

Em Portugal foram mobilizados para a guerra nas frentes europeia e africana mais de 100 000 homens. O saldo do conflito foi de 38 000 baixas: cerca de 8 000 mortos, 16 607 feridos, 13 645 feridos e desaparecidos.

A participação de Portugal no conflito revelar-se-ia uma das opções mais controversas do regime republicano. A necessidade de salvaguardar o património colonial foi uma das razões invocadas para legitimar uma beligerância que, desde a primeira hora, levantou dúvidas e receios. Muito embora os territórios africanos de Portugal tenham sido palco de várias confrontações com a Alemanha logo em 1914, é em 1916 que os dois estados entram formalmente em guerra um com o outro. O apresamento dos navios germânicos em portos nacionais, em março desse ano, a pedido da aliada britânica, ofereceu aos elementos intervencionistas da política portuguesa o pretexto para enviar um corpo expedicionário para a Frente Ocidental. Essa participação era vista como essencial para afirmar o prestígio da República perante os seus aliados tradicionais e assegurar a Portugal uma posição de força na Conferência de Paz.

Portugal também assinala este século em que eclodiu o conflito, com a pulblicação, pela Biblioteca Nacional de Portugal, do Diário da Grande Guerra: testemunhos portugueses, no qual, através de uma cronologia atualizada mensalmente, até novembro de 2018, poderemos encontrar as notícias da guerra nos jornais diários de há 100 anos, postais e cartazes da época, testemunhos de um conjunto de portugueses que viveram de perto o desenrolar dos acontecimentos ao longo de 1914-1918, enfim, aquela que foi a visão portuguesa de um conflito que determinou uma viragem no mundo.

Ao mesmo tempo, a BNP empreende a tarefa de digitalizar e disponibilizar na Biblioteca Nacional Digital toda a documentação da época relacionada com a participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial. A coleção A Grande Guerra inclui livros, imprensa, iconografia, mapas, música impressa e espólios - com principal enfoque nos testemunhos dos portugueses que viveram de perto aqueles momentos da história.

A comemoração do centenário da Grande Guerra é um momento de unidade nacional. Ao dar o pontapé de saída para as comemorações de 14-18, o chefe de Estado insistiu sobre os ensinamentos a retirar da Primeira Guerra Mundial, que deve recordar a força de uma Nação quando esta está reunida. Depois de ter evocado os valores da França e da República, o chefe do Estado francês  recordou igualmente "a imperiosa obrigação de uma Europa unida que possa garantir a solidariedade e a paz".

Desconseguir a Paz:

Mas o que é certo é que a paz é um fracasso, desde meados dos anos 20, como muito bem afirma o historiador Jay Winter ao Le Monde de hoje (11/11/2014).  O Professor de Yale diz mesmo que as consequências internacionais múltiplas são ainda sensíveis atualmente.
A paz não teve efeitos primeiro, porque a Alemanha e a rússia foram excluídas da Sociedade das Nações , assim como a não participação dos Estados Unidos. Foi um erro exigir reparações de guerra à Alemanha, com natureza punitiva, que levaram à destabilizaçãoda república de Weimar e tornou inevitável a revisão do Tratado de Versailles. Também foi evidente a incapacidade de organizar uma estrutura de estabilização económica europeia à escala euroepia, o que acabou por dar origem à Grande Depressão de 1929. A partir do crash, os nazis fortaleceram-se e conseguiram reforçar o peso eleitoral. O caminho de conduziu Hitler ao poder passou por essa crise mundial.

Quanto à Turquia, no campo dos vencidos, os termos do Tratado de Sèvres foram muito duros. Confiavam ao Reino Unido, à França, à Itália e à Grécia, a administração de certas zonas da Turquia europeia e de Anatólia. Durante quatro anos, Mustafa Kemal, o grande Ataturk da República laixca, recolheu os destriços do antigo exército do Império Otomano e conseguiu crair uma força de combate portene para fazer retirar as forças de ocupação aliadas. Mas a assinatura do novo Tratado de Lausanne, em 1923, que substituiu o de Sèvres, autorizou a Turquia e a Grécia a procederem a uma "troca de populações", segundo a qual milhões de gregos de Anatólia emigarram para a Grécia e para a Bulgária, milhões  de muçulmanos originários dos Balcãs instalaram-se na nova Turquia. A limpeza étnica estava legitimada pela comunidade internacional. A nova república sentia-se menos fragilizada sem a presença grega e arménia do Império Otomano e daí ser legitimamente responsável pelo genocídio arménio, entre 1915/16 e das vitórias militares armadas sob comando de Ataturk. Logicamente, o Tratado de Sèvres era letra morta.

A criação dos novos Estados , que eram a Polónia, Áustria, Hungria e Jugoslávia, suscitou conflitos incessantes por causa das novas fronteiras. A Hungria perdeu dois terços do território...enfim, em 1920 a paz era considerada um fracasso.

A guerra deu origem a quatro conceitos inegáveis (Jay Winter, Yale University): comunismo, pacifismo, liberalismo e o movimento dos antigos combatentes, com uma atividade transnacional fundada sobre a autoridade moral  dos que participaram e foram feridos. A militância anti-guerra, com a ideia de que os Estados devem renunciar a uma parte da soberania em nome da segurança coletiva constitui a origem da união Europeia que, já depois da II Guerra Mundial, mete em obra o trabalho feito entre as guerras dos antigos combatentes.

Fontes: Le Monde, Biblioteca Nacional Digital - Diários de Guerra


Maestro Virgílio Caseiro

Uma entrevista do meu baú, na Figueira da Foz para O Figueirense - não revista agora

Entrevista ao Maestro Virgílio Caseiro – a humildade na excelência


O Maestro Virgílio Caseiro é um lobo do mar que desfia memórias, não através de fios de pesca ou contos de encantar, mas com a batuta de um sábio. Não é tão velho como ‘os mais velhos’ o são na África das tribos com respeito pelas cãs. Nasceu em 1948 em Ansião.
Assumiu a responsabilidade artística da Orquestra de Câmara de Coimbra em 2001 – a partir de 2005, Orquestra Clássica do Centro – sendo seu Maestro Titular.
No dia 3 de Agosto, apresenta um programa ímpar no Palácio Sotto Maior da Figueira da Foz.


Maria João Carvalho para o Figueirense – É um homem de muitos portos e de muitas naus… que faz aqui?
Maestro Virgílio Caseiro - É verdade que sim…a grande vantagem de ser velho – entre os vários inconvenientes que tem – é essa possibilidade que vamos tendo de acumular vida acumulando recordações e, de recordação em recordação, juntamos umas com as outras e acabamos por construir um ‘ideário’ muito nosso, muito pessoal que faz parte de todos e não faz parte de ninguém, com o qual nos sentamos à mesa (nós próprios), com a companhia de nós próprios, construindo projectos que vão nascendo e que nós vamos levando por diante e nos fazem sentir bem com eles. Isso é a universalidade da idade… não é?
E não vejo inconveniente nenhum em ser velho e sinto todo o encanto em poder desfrutar estes anos ao abrigo daquilo que muitas vezes me perguntam e é “quantos anos tenho” e eu digo que “tenho exactamente aqueles que me faltam para morrer”.
E é na conjugação sistemática destas duas verdades que eu, despreocupadamente, vou construindo o meu mundo musical, com a maior seriedade possível, tentando produzir um produto acabado que seja de superlativa qualidade, quase nunca conseguido, e ainda bem, porque a mediocridade daquilo que eu queria que fosse superlativo dá-me razão de ser para o dia de amanhã.
E, portanto, vou tendo este encanto e esta dinâmica de estar comigo e com os meus projectos … possivelmente, do pouco que tenha feito, alguma coisa se pode aproveitar em prol das comunidades da Zona Centro, que é a zona onde, prioritariamente, milito, porque também defendo que não faço falta nenhuma nem em Lisboa nem no Porto… lá há muita gente… há muita gente a poder fazer e eu acho que as pessoas devem ter a lucidez do que valem e para onde caminham e depois devem saber escolher o local para viverem de acordo com o valor que têm e da expectativa das comunidades receptoras. Ou seja: o Bernstein de Nova Iorque era o Bernstein de Nova Iorque e, claro… não podia sair de Nova Iorque porque se saísse ficava subaproveitado – ele estava ajustado à expectativa de Nova Iorque. Eu, por isso, continuo em Coimbra e não faço falta em Lisboa… e no dia em que a expectativa de Coimbra ou da Região Centro – Figueira da Foz… Viseu… - for superior à capacidade de resposta que eu tenho …pois acredite que eu vou deslocar-me para a Pampilhosa da Serra ou de outra terra qualquer, onde eu possa ser o meu Bernstein, à minha dimensão
M.J.C - O que escolheu para trazer à Figueira?
V.C.- Vimos a este espaço (Palácio de Sotto Maior) a convite da organização, no dia 3 de Agosto, e vamos aproveitar uma clareira entre árvores centenárias para, ao fim da tarde, por volta das sete horas, fazermos um concerto com três cambiantes fundamentais: a primeira: o colorido da orquestra, em que a orquestra vai ser solista… e… depois… outros temas… vamos trazer obras de Coimbra, concretamente, guitarradas de Coimbra, feitas por guitarra portuguesa, acompanhadas por orquestra, e compostas, ou recompostas por compositores que, eu penso, serem de primeira água no panorama composicional português! Estou a lembrar-me do Henrique Carrapatoso, e, exemplo de Sérgio Azevedo e do (infelizmente já desaparecido), Zé Marinho… estou a lembrar-me de um compositor de Coimbra, várias vezes premiado, Zé Firmino Morais Soares… portanto, vamos fazer algumas obras para guitarra portuguesa e para orquestra.
E, finalmente, a terceira vertente é a de temas de canção da zona centro e coimbrã, a que eu não vou chamar fado porque não serão fados, são canções… mas de autores conhecidos: de Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira, que vão ser tocados pela orquestra e cantados por um tenor, que começa agora a despertar na Zona Centro e começa a dar muito boa conta de si, o tenor Nuno Silva, que vai estar connosco para cantar esses temas.
MJC - Pode contar um pouco da história desta orquestra?
V.C. – A orquestra tem a história que todas as orquestras têm neste país. Uma vivência debilitada, uma vivência sempre em contínua possibilidade de desaparecimento mas que, persistentemente, queremos levar por diante.
Apareceu em 2001, pela minha mão e pela mão da actual presidente da Direcção, a Drª Emília Martins – a quem se deve toda a honra do facto da sua sobrevivência, porque tem um dinamismo brutal e uma capacidade de resistência à frustração que eu admiro e que a minha idade (mais uma vez) já não me aconselha a ter, porque desanimo mais cedo…e fruto disso a orquestra, não obstante não ter vindo a ter nenhum apoio oficial do ministério da Cultura tem vindo, com um orçamento miserabilista em relação às outras orquestras congéneres, a desenvolver um trabalho de militância na Zona Centro, para a qual está vocacionada. E tem vindo a fazer um reportório igual ao que as outras orquestras fazem, simplesmente com o orçamento que temos.
Estou convencido – e nem estou triste por isto nem me estou a queixar – de que as organizações, instituições e associações devem mostrar o trabalho que são capazes de fazer. E depois esse trabalho tem de ser de tal forma objectivo e tem de emergir com tal força no tecido cultural onde está inserido que, depois, nem o ministério da Cultura nem qualquer outro tipo de ministério pode fechar os olhos, tem de os abrir. E, nessa altura, eles estarão connosco tranquilamente para nos apoiar. Continuo tranquilamente à espera de que chegue o meu dia para que isso chegue a uma verdade.
MJC – Porque tem ao peito uma medalha de oiro de D. João IV?
VC – A história desta medalha é como todas as histórias das grandes navegações (risos): o mundo é redondo e as caravelas circundam o mundo…por todas as navegações que fazemos, sejam elas afectivas, cognitivas ou motoras, vamos encontrar portos de abrigo onde nos revitalizamos e onde nos encontramos. Esta medalha, ao fim e ao cabo, sendo do tempo de D. João IV é, digamos, que a lembrança de um porto de abrigo onde encontrei ânimo para outra viagem.


Maria João Carvalho

Jornalista da EuroNews

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Cartel Guerreros Unidos terá massacrado estudantes a mando dos políticos locais

Custa a crer nos níveis de crueldade atingidos pela humanidade. Em todos os continentes. Uma geografia de sangue e a reconstrução de uma história em sentido inverso, rumo ao tempo das cavernas e do desmembramento dos imimigos para os comer melhor, assados ou ao vivo e a cores, crús e frescos.

http://pt.euronews.com/2014/11/04/mexicanos-nao-perdoam-rapto-de-estudantes-e-exigem-que-os-devolvam-vivos/

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Pepe Ledesma Criado...pensar em Pilar es pensar em ti



A praia de Pepe e os versos que ecoam


Ai, Pepe... quem diz agora às ondas

que o sopro dos versos a vibrar

não é dos búzios...

do vento veio numa conchinha de pensamento e memória das tertúlias e doçuras, alfinetadas e gargalhadas, homenagens e viagens, beleza e arte, elegância tanta, elegância tanta!



Ai, Pepe, quem diz áqueles miúdos ali ao pé do mar

Que ainda aqui agorinha estavas a poetar

Salamantino sempre de pés na água da Figueira...

do vento veio, já irmão, já veio/veia da carne da terra alheia

prontinho para a adoptar, a chamar Mãe, Madre

e ter uma casa com um número 13.



Claro que Neptuno e Pilar tudo providenciavam

até ao dia em que Salamanca impôs

todas as faltas dos últimos anos e requereu lá o Poeta

para todo o sempre.

Abriram-se janelas para contar a novidade ...mas para quê?

A Alma do Poeta está na Praia do Neptuno.

Veio do Vento.

Deus poisou-o numa nuvem para que ele fizesse o mergulho característico para a água e a Pilar bater palmas.

É só fechar os olhos, o sol vai baixo. Então? Janta-se onde, peixinho? E Pepe, com aqueles requebros de voz ritmada e meio acastanholada ao vagar das ondas, com a pronúncia solenizada por esse arredondar cálido de sol já posto...e o Poema a elevar-se para lá de nós para lá da areia, a passar a pertencer àquela praia.

Ai, Pepe, ai Pepe, há por aí uma entrada clandestina? Para eu entrar e sair? Têm morrido tantos com o teu valor que eu tocaria lira na nuvem aí ao pé de Deus. Faríamos uma revolução de poetas para que o Mar beijasse aqui esta tua larga avenida... como tu contaste em Brumas e Sombras, que o Poeta Antonio Salvado lembrou na sua Antologia e na homenagem que lhe fizeram os intelectuais ibéricos (em Los dominios de La mirada – a seu tempo a divulgaremos):



Brigadieres de espuma

Acariciam el viento de la tarde,
Sobre el Mondego flota esta canciön
Del tiempo ya perdido.


Histöricos recuerdos
condicionam esta larga avenida
de tristezas donde un pueblo se asienta
aproximando el dolor del hombre.


Opïparas escaseces
hermanan la soledad, el cansancio,
este largo camino de abandono
donde el mar es un triunfo para esperar la muerte.


Burbujas en la niebla
subliman las ausencias, y el olvido
es el rey de la tierra
agazapado en el amor y la esperanya.


Brumas y sombras en la luz
invitan a este gesto dolorido
de componer la arruga
oscurececiendo estas palabras en la noche.

domingo, 28 de setembro de 2014

Liberdade é....

A liberdade dos ocidentais é um conceito egoísta: pode ter a ver com a relva do jardim, as árvores, os animais . meios peluches meios companheiros, e os filhos que servem uma continuação nem sempre pelos melhores motivos.
Pode ter a ver com o melhor e com o pior de nós.
Porque, liberdade, é tecer rumos e indicar caminhos,
Aprendi na vida, nos anos 70 em colégio interno e depois na África, na Ásia,
Liberdade é uma construção suave e tranquila, não tem de ser drástica.
Livre é quem repõe, tijolo a tijolo, um sentido muito seu para essa tal liberdade que não é apanágio dos ocidentais.
Livre é quem pode, escovando os dentes lavá.los com raiz de gengibre e ter o sorriso mais branco do planeta.

domingo, 3 de agosto de 2014

1914- centenário

A I Guerra, Grande Guerra, como lhe chamavam, por nunca ninguém ter visto nada assim, é uma história de nacionalismos que apenas precisava de um rastilho, de mal-entendidos entre chefes de Estado - nomeadamente entre os chefes de Estado Maior das Forças Armadas britânica e francesa. Foi uma guerra fraticida em que os generais, impotentes, julgavam os fracassos em consehos de guerra de 11 horas e executava, os cabos. A França era gerida por mulheres, até ao regresso dos mutilados sobreviventes - mutilados físicos e de alma. Logo que o poder lhes tirou a direção dos negócios e poder sobre a terra e a educação para salvar a sociedade, o poder masculino acartou as mulheres do poder, nomeadamente negando-lhes o voto.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

História da Coroa Real - no Museu da Assembleia da República




A peça é composta por sete arcos fechados que apresentam frisos de pérolas em vulto, convergindo no topo e alargando para a base, rematados em folhas de acanto e intercalados por pináculos de forma ovular. O aro da base é preenchido por sequência simétrica e relevada de losangos, pérolas e óvulos, limitado nas zonas inferior e superior por rebordo convexo. O crucífero apresenta remate canelado e complementado no topo por cruz latina, visualizando-se nesta uma pequena esfera central de onde derivam quatro braços em forma de túlipa. O interior da peça é uma estrutura semicircular e irregular, que recria um forro de veludo carmesim.

A coroa real é o símbolo da autoridade monárquica. Até ao Rei D. Sebastião, ela consistiu num simples aro de ouro com florões, de formato aberto, e inspirada na coroa de duque oriunda da 1.ª dinastia. Este monarca procedeu à sua substituição por uma coroa fechada, pretendendo assim simbolizar a unidade do Estado e do Povo. Desde D. João IV, que consagrou o Reino de Portugal a Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Vila Viçosa, proclamada Rainha de Portugal, os monarcas portugueses deixaram de usar a coroa, sendo a partir daí aclamados. Não chegou aos nossos dias nenhum exemplar de coroa real anterior a D. João VI, e o único que existe, constituído exclusivamente por ouro, foi executado no Brasil, em 1817, tendo sido utilizada posteriormente nas cerimónias de juramento dos monarcas.

Esta peça foi encomendada para a Câmara dos Dignos Pares do Reino, inaugurada em 13 de janeiro de 1867, tendo aí permanecido a encimar o dossel de suporte do retrato do Rei D. Luís até à implantação da República, altura em que foi substituída pelas insígnias do novo sistema político - a esfera armilar com o escudo. Este espaço adotou então a designação de Sala do Senado.



domingo, 27 de julho de 2014

Jogo das almofadinhas lembra a dança tailandesa...

Uma teia de aranha sedosa
entre as unhas de tailandesa que dançam
uma meia de almofadinha arenosa
o jogo dos dedos que entrançam....




Escuta

Os meus amigos já não querem skipar comigo: dizem que recebem frases em como as nossas informações estão a ser decifradas. Tive dois assaltos muito beras de vírus e interrompem-me os carregamentos de FB com: a Autoridade Aduaneira e o Ministério Francês do Interior estão a registar a vossa conversa, como permite a lei.
Na Figueira da Foz, na casa de família, a minha realidade é mais kafkiana ainda.
Assim, meus amigos, digam tudo o que têm a dizer, queixem-se, insultem...porque oportunidades de escuta como esta não temos muitas vezes!!!!

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Whisky mais caro do mundo é engarrafado em Portugal


Vista Alegre engarrafa o whisky mais caro do mundo

Em Alcobaça, a unidade fabril da Vista Alegre Atlantis concretizou um contrato histórico com a prestigiada destilaria escocesa Dalmore, que visava a produção das três garrafas de cristal que contêm o mais caro e raro whisky do mundo - o Trinitas 64.
 
O mesmo consiste num malte escocês excecional cujo preço de venda ao público ronda os 145 mil euros, numa edição limitada a apenas três  exemplares. A bebida inédita resulta de uma combinação única de vintages espirituosos das colheitas de 1868, 1878, 1926 e 1939, sendo adicionado um toque final com o vintage de 1940.
 

Cada uma das três produções deste precioso malte foi armazenada num frasco de cristal português de alta qualidade, no qual foi incrustado o símbolo em prata da Destilaria Dalmore – o veado.
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A pureza e a qualidade do cristal luso produzido pela Vista Alegre Atlantis conquistaram a confiança da empresa escocesa, que acabou por deixar aos portugueses também a produção de 200 frascos de edição limitada do whisky Dalmore Aurora 45 - um malte raro da colheita de 1964, cujo preço de venda ascende aos seis mil euros.
 

"O cristal português da Vista Alegre Atlantis é reconhecido internacionalmente como um dos mais puros e cristalinos do mundo", conta Nuno Barra, Diretor de Marketing e Design Externo da Vista Alegre Atlantis, em comunicado enviado ao Boas Notícias.

"Os portugueses podem não ter a noção disto, mas somos um player destacado no mercado exterior no setor do cristal. O nosso maior cartão-de-visita materializa-se no saber ancestral dos nossos mestres vidreiros, incansáveis na procura da perfeição dos produtos que esculpem manualmente, e na qualidade e profissionalismo da resposta produtiva e comercial do Grupo Vista Alegre Atlantis, reconhecida em todo o mundo", acrescenta.

A lógica da guerra

Estou absolutamente desolada por causa da lógica da lista de passageiros do voo da Holanda e da lógica de Putin - é uma convicção pessoal e não enquanto jornalista da euronews: 100 membros de uma conferência internacional sobre SIDA, (um senador e um dos presidentes da Associação com a mulher), duas famílias numerosas, parte de uma família que já tinha perdido a outra metade no crash de março da companhia malaia, adeptos de uma equipa de futebol que ia jogar na Nova Zelândia. Só um ex-agente do KGB acertaria tão bem no euromilhões da desgraça para criar O Acontecimento de uma realidade que se quer distorcida.Já percebemos que só um lança mísseis russo acertaria "na mouche" do objetivo. Era impossível não ver que era um avião comercial. Desejo que os russos percebam quem os governa e quem reproduz a expansão de Milosevic para a "Grande Sérvia" que levou à guerra dos Balcãs (ah, e a obssessão que ele tinha da abertura para o mar e Putin igualou na Crimeia). Putin refinou com as alternâncias políticas e as atenções do mundo que, até agora, evitavam perturbar sua excelência. Sou pelas sanções económicas totais da UE e o isolamento da Rússia por causa do seu Kremlin.

sábado, 5 de julho de 2014

Planeta pouco azul

No dia em que 
não houver terra para caminhar
árvores para refrescar
água pura para beber
pensaremos em plásticos
ondas eletromagnéticas
óleos e minérios
que devíamos ter menosprezado
não o fazendo.
O planeta ficou menos azul e não criámos nada.
Deixámos ter 4 estações
e duvidamos do bom ou do mau tempo
daqui a cinco minutos....
Há núvens carregadas e desfiamos lágrimas
não por ser verão e não entendermos
mas por ser verão e perdermos
o pulso à terra
que tanto amámos
e tão pouco protegemos.

sábado, 21 de junho de 2014

Lisboetas: se houver sismo, refugiem-se na AR

Ver em Sismo  do blog Eh Pá ....LOL

Em 1755 Portugal sofreu um terramoto de magnitude 8,5 a 9, semelhante ao do Japão. E é uma certeza científica que vai repetir-se a qualquer momento. «Pode ser amanhã, pode ser depois de amanhã. É errado pensar que só será em 2755», disse à TVI Maria Ana Viana Baptista, geofísica.
O mais interessante é que curiosamente um dos edifícios públicos preparados para tal incidente é Assembleia da Republica


quinta-feira, 12 de junho de 2014

Despedimentos: JN, DN, TSF e O Jogo

Hoje estamos todos de luto .

É um luto pesado que sentimos hoje, não apenas pelos camaradas despedidos, mas pelo jornalismo que morre para dar lugar a uma espécie estranha de diculgação de comunicação de empresas, de políticos, de grupos alheios à realidade dos factos que os repórteres querem dar a conhecer. Hoje estamos todos de luto.

E juro, que se o Sindicato de Jornalistas faz outra Newsletter a dizer que o SINJOR lamenta...eu fico mesmo má e provoco uma revolta!

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Ser mulher no Paquistão face às escolhas da ignorância

Farzana teve a infelicidade de se apaixonar por um homem que não era o prometido por seus pais e virtuais sogros. Casou com o amor da sua vida, engravidou, e, à entrada para o tribunal, onde ia buscar o comprovativo da sua união legal, foi morta publicamente, aos 25 anos, com os agentes policiais a olharem sem nada quererem ver. Olharam para o lado.
Farzana deve ter tido medo, deve ter sentido uma imensa tristeza pelo feto no ventre que não iria nascer, pelo amor que não poderia viver e pelo próprio pai que ardilou a vingança dos fracos e ignorantes no Paquistão. Havia duas mulheres entre os carrascos....
Farzana viu o seu amor (um viúvo, uma fácil presa do destino) manietado, seguro por mãos ardilosas, pontapeteado nos rins e humilhado como um cão assassino enquanto era apedrejada até a morte com tijolos e outros materiais de construção na terça (27), na cidade de Lahore, por um grupo de cerca de 20 pessoas, incluindo seus irmãos, pai e primos, de acordo com a polícia. Após prender o pai da vítima, a polícia procura pelos outros criminosos. Teoricamente a história será sempre esta. Procura.
Agora é fácil acusar o marido, que não comeu durante três dias e três noites, chorou com a fotografia da mulher nas mãos e foi levado para confessar que matou a primeira mulher para se unir ao amor da sua vida. Confessar sob tortura deve ser tão fácil como se adivinha. Sempre defendi prisioneiros de consciência em todo o mundo, porque integro a Amnistia Internacional desde o grupo do Zé Costa Cabral na Escola Náutica. Fiz vigílias e recebo relatórios....
Neste caso, o casamento enfureceu a família da paquistanesa, explicou Iqbal (o marido), e eles exigiram o pagamento de mais 100 mil rúpias para não matar o casal. Iqbal, agricultor de uma aldeia em Jurranwala, Punjab, não tinha o dinheiro. A família, então, levou o caso aos tribunais, acusando o homem de ter sequestrado Farzana. Segundo o advogado Mustafa Kharal, Iqbal e sua mulher foram surpreendidos pelos parentes de Farzana que a aguardavam do lado de fora do tribunal. Enquanto o casal caminhou até o portão principal, parentes da vítima começaram a disparar tiros para o ar e tentaram arrancá-la dos braços de Iqbal. Ao resistir, a paquistanesa começou a ser golpeada pelo pai, irmãos e outros parentes com tijolos, pedaços de pau e outros materiais encontrados numa construção.

Eu sou Mãe ocidental e orgulhosamente livre, Ai do energúmeno que apedrejasse até à morte a minha Farzana. Eu não escreveria a notícia e muito menos um livro. Seria apedrejada também.  

terça-feira, 27 de maio de 2014

Não descontinuação

Sempre que penso descontinuar este blog, algo me prende e acorda: desta vez: os resultados das europeias, a Ucrânia, o apoio de Putin à FN em França-
Afinal não vou descontinuar o blog. Vou ser mais assídua. XoXO

sábado, 17 de maio de 2014

O Mal

Há um frio de alma que nos estremece: aquele que vem de uma voz que motiva multidões de incapazes, de idiotas prontos para colocar os músculos ao serviço de um ditador. Tenho frio,hoje.O Mal avança e ninguém, como sempre, parece dar conta dele.

.... escrevi antes das eleições.......mas aqui está.

quarta-feira, 7 de maio de 2014


Sarajevo...sempre

O Amor é um guarda-chuva, um leque, uma coisa....o que nos puxa a salvar uma pessoa é uma incrível necessidade de proteger, a certeza de que ninguém, salva melhor que nós....
Não é assim que se ama, mas convencemo-nos disso.https://www.youtube.com/watch?v=Xh_AQUYvRvg
Sem apelo nem agravo.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

José Ribeiro e Castro e Adriano Moreira, hoje, às 18:30 horas, na Livraria Férin (ao Chiado).

Adriano MOREIRA é uma das figuras mais destacadas da vida portuguesa contemporânea e uma personalidade que tem marcado profundamente o pensamento político português e, onde e sempre que é feita, a reflexão estratégica de Portugal. Jurista e, como hoje se diz, politólogo, homem da Academia e da Universidade, com uma vida inteira dedicada ao estudo e ao ensino superior e, ocasionalmente, à intervenção e acção políticas de primeiro plano, tem dezenas de títulos publicados ao longo de uma actividade editorial fecunda e inesgotável. Possui sólido prestígio internacional, sobretudo no espaço da Lusofonia, de que foi um conceptualizador visionário e efectivamente pioneiro. Foi um dos primeiros grandes cultores da Ciência Política e das Relações Internacionais em Portugal, com milhares de alunos que passaram pelas suas aulas e colheram os seus ensinamentos, além de exercer uma generosidade social incansável, mantendo, no ano em que fará 92 anos, a aberta disponibilidade que sempre o caracterizou para corresponder às constantes solicitações da sociedade civil que, por todo o país, o quer ouvir, dialogar com ele, aprender com a sua inteligência, experiência e sabedoria. A presença deAdriano MOREIRA no ciclo POLÍTICA & PENSAMENTO: A VOZ DOS LIVROS era, por tudo isso, incontornável.

A oportunidade surgiu nesta altura em que se aproximam as comemorações dos 40 anos sobre o 25 de Abril. Na verdade, é da pena de Adriano MOREIRA a primeira reflexão profunda e estruturada sobre a Revolução e algumas das suas facetas mais relevantes, bem como o seu impacto geopolítico. Foi esse o seu primeiro livro que li, em 1977:

«O Novíssimo Príncipe»
Análise da Revolução
(Intervenção, 1977)

– um  dos seus títulos mais famosos, objecto já de algumas reedições. Numa destas, o editor destaca como esta obra “de uma forma bastante clara e exímia, pinta muito incisivamente o panorama português dos anos setenta, introduzindo e preparando o leitor para compreender as décadas que se sucederam.”

É aqui também que o autor escreveu um dos trechos mais vigorosos do seu patriotismo: «Tudo lhes pertence e nos cabe, porque a Pátria não se escolhe, acontece.­ Para além de aprovar ou reprovar cada um dos elementos do inventário secular, a única alternativa é amá-la ou renegá-la. Mas ninguém pode ser autorizado a tentar a sua destruição, e a colocar o partido, a ideologia, o serviço de imperialismos estranhos, a ambição pessoal, acima dela. A Pátria não é um estribo. A Pátria não é um acidente. A Pátria não é uma ocasião. A Pátria não é um estorvo. A Pátria não é um peso. A Pátria é um dever entre o berço e o caixão, as duas formas de total amor que tem para nos receber.»

Além de revisitar e actualizar-nos sobre este seu marco de referência a respeito da Revolução que abriu o actual tempo português, Adriano MOREIRA apresentará ainda brevemente o seu êxito mais recente, que é também o último livro que dele li: “Memórias do Outono Ocidental – um Século sem Bússola” (Almedina, 2013), em que o autor passa em revista e reflecte sobre as principais perplexidades que marcam o presente contexto de Portugal, na Europa e no Ocidente.

Largos motivos de interesse e de forte actualidade, para uma hora de reflexão e de diálogo sobre Política no mais nobre e elevado sentido do termo, em torno das encruzilhadas do presente tempo histórico, na próxima segunda-feira7 de Abril, às18:30 horas, na Livraria Férin (ao Chiado).




quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Heróis Sem Tempo - R.I.P., Cristophe Midol-Monnet

Somos uma espécie em vias de extinção: ficámos com a fama de pertencer a um tal Quarto Poder. Fugimos tanto, para não aceitar o dinheiro sujo da trama, que devemos dinheiro à banca, morremos de stress, mas, antes, sonhamos como os nossos pais sonharam para os seus filhos.
Sou da geração da revolução mas aprendi que a minha filha também.
Cobri guerras e continuo a relatar todas as etapas sangrentas de todas as revoluções.
E nem sequer sou jornalista por vocação. Fui talhada para jurista, mas a utopia não tem lugar na lei que aprendi....fugi para um mundo global onde ainda continuo à procura da verdade e de sentir que não me perdi, mas sim o mundo que ri de si mesmo num fundo sem espaço para o riso.
Fui poeta da guerra. Fotografei-a, sem perceber nada de fotografia. Aliás:fui perceber a guerra e despercebi-a.
Continuo a ir ao funeral dos meus companheiros de profissão e aos dos camaradas de guerra.
Há um milagre qualquer que me prende a este palco da vida.
foto de Susete Sampaio

Hoje, o milagre veio de Christophe, o europeísta com quem nunca concordei: mas um gentleman é um gentleman, em qualquer Pensão da Boavista, como diria a nossa melhor voz: Fermando  Pereira, especialista eficaz em Riso. Nós exageramos, elevamos o absurdo ao público, quando a verdade não chega.


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Ukraine

STATEMENT

We, the Ukrainian journalists, ask our colleague journalists in other countries and international organizations to do everything in their power to give Ukraine a change to avoid a humanitarian catastrophe and civil war in the center of Europe.

The Ukrainian authorities have made several attempts to forcefully crack down on the protests of the Ukrainians that started as uniquely peaceful rallies in support of European integration of Ukraine. On the eve of November 30, 2013, the authorities first deployed the special task force police for extremely violent beating of rallying students. On January 16, the authorities approved a package of censorship laws, which sparked more street protests. And now the authorities are effectively refusing any actual dialogue and consensus, despite all efforts of international negotiators.

For three months, the authorities are stalling with fulfillment of all demands of protesters: limiting the presidential power through restoring to the Constitution in the wording of 2004, dismissal of the Minister of Internal Affairs Zakharchenko, punishment for those in charge of beating of students and signing of the agreement of association with the European Union. This leads to escalation of violence and confrontation.

The events of the «Black Tuesday» of February 18 showed that the authorities are ready to drown Ukraine in blood, apply firearms and military equipment.

We ask you to be very balanced in covering our current events and avoid stamps of Russian propaganda war, which has been constantly waged since the beginning of protests.
On Maidan, dozens of rally participants from all over Ukraine have been killed, that is why it is not true to the reality to say that it is all «Western Ukrainian extremists» and plays into the desire of Yanukovych’s dictatorship regime to create an impression that this is nothing but a «local conflict of radical elements».

We also ask you to repeatedly raise the issue of introduction of sanctions against Ukrainian officials, as human lives depend on it – literally. Unfortunately, Europe’s footdragging with practical actions has lead to dozens of casualties and hundreds of injured.

We ask you to inform your audiences about offshore bank accounts and companies of corrupt Ukrainian officials, which can leverage them to withdraw their support to the militant regime of Yanukovych, who launched terror against the people he swore to serve.

Background information

Civic movement Stop Censorship" was founded on May 21, 2010. This is an informal group of journalists which has been created in response to the oppression of freedom of speech in Ukraine.

"Stop Censorship" is the initiative of Ukrainian journalists and media NGOs aimed at defending freedom of speech, preventing censorship in Ukraine, as well as combating interference with journalistic activities and violations of professional standards in covering social and political issues.

Civic movement "Stop Censorship" neither supports any political party, nor receives funding from any political party.

To learn more or to join the "Stop Censorship" movement please visit:
http://www.telekritika.ua/news/2010-05-22/53128its official blog:http://stopcensorship.wordpress.com
or Twitter: http://twitter.com/StopcensorshipContact person:
Artem Sokolenko, coordinator of Civic movement "Stop Censorship!"
Tel.: + 38 050 440 46 08
e-mail. censor.stop@gmail.com

 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Morte de felino...um dia

Um dia vou chorar
a morte que a vida me deu
a quem por eles implorou
como eu...

um dia vou chorar
lágrimas que a vida secou
com sangue meu e não só.
Levarei a Deus
o que ele me deu
sentindo e vivendo
outra vez.

Um dia.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Morte e Vida: Léte, Avó Trindade e nós todos.

O maior enigma da história é uma verdade comezinha mas inaceitável.
Todos nascemos de um modo violento, às vezes assassino; e todos morremos, tudo acaba.
E não cremos em nada disso enquanto vivemos.
Somos enormes, somos o máximo, fazemos dívidas, fazemos fortunas, lembramos a vida .
curamos ou contagiamos, maus e bons, beras mesmo... somos o que, nalgum ponto da vida resolvemos ser, ficar e glorificar. Ou crescemos ou morremos.
Tudo acaba nessa decisão, mas ninguém quer saber, ninguém fala. Continua-se como um caracol que deixa a casa atrás.
Nestes dois últimos anos deixei de ver caracois com casa....umas lesmas enormes que algum estudioso há-de explicar....
Enfim....
É o meio, a evolução, porque não querermos saber como vai ser: somente chorar um dia quem se foi onde e quem viveu entre nós.
Vamos revivê-los... nas fotos? Nas músicas? Nos gramofones dos avós?
Alguém vai se lembrar que eu era chata? Maluca? Doida de amor pelos meus amigos e familiares? Que eu adorava animais?
A morte dos que passaram serve-me para quê?
Sou morta se fechar os olhos e suspender a respiração debaixo de água até fazer brrrrrrr»?
Sou doida por questionar a Vida, a Morte?
Afinal...estamos aqui de passagem e emprestaram-nos estas horas transformadas em semanas, meses, anos...menos, mais... mais ou menos?
Acordamos quando nascemos para uma vida emprestada? Ou morremos enquanto vivemos para morrer a seguir?
Acho que acabo num templo em Sião para perceber quem sou....ou quem somos....ou num templo escocês....sempre é melhor do que ir  para a guerra. Porque cada vez percebo menos da vida. Mas vivo mais e tenho mais anos.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Les culpables



Je jardin public, dèrriere Paul Bocuse, ou il y a des pecheurs de week end . C'est là que, suremente, Mitzie a volé a poisson avec lle hameçon.;.
Pecher dans les petits lacs publics c'est pas interdit en France?

Mitzie:hora da solidariedade



Bem, a Mitzie Gaia está em casa e ainda em risco (até amanhã). Toma anti-inflamatórios e antibióticos, mas há uma parte do fígado que está a evacuar. Tem sido um carnaval para a fazer comer, berber ou usar a liteira (coisa que ela nunca tinha visto, porque é uma gata de rua.
Vai sobreviver porque quero, porque me pediu ajuda e porque muitos amigos estão a enviar energia positiva para ela. Como avancei o primeiro terço da fatura comn o dinheiro dos impostos, e os amigos começaram a contribuir e a pedir Nib, não estando em condições de não aceitar, com falsas modéstias, agradeço, desde já as vossas contribuições. Diretas ou para o Nib que me pedirem pessoalmente, através do meu email mjoaocarvalho@gmail.com. Agradeço, desde já, à Kikas, à Sofia Ramos, à Sandra, à Lu, à Nara, e a todos os que estão a enviar, também, cheques.







Eh bien, Mitzie Gaia est à la maison et encore à risque (jusqu'à demain). Prendre anti-inflammatoires et d'antibiotiques, mais il existe une partie du foie qui est évacuée. Il a été un carnaval pour faire manger, berbère ou utiliser la litière (chose qu'elle n'avait jamais vu, parce que c'est un chat de rue. 
Survivront parce que je veux, parce qu'il m'a demandé de l'aide et parce que de nombreux amis envoient énergie positive pour elle. A mesure que j'avançais le premier tiers de la facture du vet avec l'argent de les impôts, et les amis ont commencé à contribuer et a demander le RIB. Je ne suis pas en mesure de ne pas accepter, avec de fausse modestie, et pour ça je remercie, déjà, vos contributions. Vous pouvez le faire directement ou par le RIB que je vous donnerais après votre demande, personnellement, par mon email mjoaocarvalho@gmail.com 
Je remercie déjà, Kikas, Sofia Ramos, Sandra, Lu, Nara, et tous ceux qui ont envoyé des chèques.






terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Gata comeu peixe sem ir à praia...e foi-lhe retirado anzol?????





A Mitzie Gaia está entre a vida e a morte (depois de duas cirurgias, a morfina e anti-inflamatórios, sem comer ou beber) e só o tempo dirá se o fígado e o diafragma recuperam da infeção. O anzol só pode ter sido comido com o isco dos pescadores de fim de semana  no novo lago de águas paradas com peixes que o Maîre plantou nas traseiras do Palácio Escola Paul Bocuse e onde os idiotas vão pescar. Já preparei a fatura para enviar à Câmara. Não tenho dinheiro para tanto. E a solidariedade de alguns amigos já está a mover montanhas. Obrigada.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Anzol Bocuse da Mitzie Gaia

Esta é a gata Mitzie Gaia, que um dia me apareceu à porta doente, e levei para a uma clínica para ser operada. Hoje está de novo na sala de operações para extrair...um anzol. Deve ter roubado um peixe com anzol -só come friskies de salmão e peixe.
Não a eutanasiam porque fazem chantagem connosco (que amamos os animais e não os queremos em sofrimento) e a condenariam a um longo caminho até à morte. Deixam-me pagar em três vezes, sem saber se o anzol já perfurou o estômago e atingiu o diafragma. Pode morrer na operação, mas eu tenho de pagar na mesma. Só que, prometo: vou apresentar a conta à Câmara de Écully, que fez um lago num parque da Escola do Paul Bocuse (aqui perto) e permite que os pescadores de fim de semana lá passem as tardes com a cana de pesca. Eu pensava que os franceses tinham alguma cultura...mas parece que se ficou pelos anos 60. Agora há pescadores nos jardins públicos. Espero, pelo menos, que seja um anzol de ouro... à Paul Bocuse.


Terminou a cirurgia, às 2:06 h. Noite decisiva....o anzol estava há tempo de mais no fígado e ela, selvagem, não se queixou...a operação durou tanto tempo, mexeram tanto e levou tanta morfina que, agora, ainda há o risco da crise cardíaca. Mas como tem apenas 3 anos...Eu perdi muitos entes queridos, irmãos, primos, amigos e companheiros de quatro patas pelos quais paguei prolongamentos de vida de qualidade. Esta vai viver com metade de um anzol numa parte do fígado, já envolvida em brida, numa cicatriz que ela não denunciou. A minha parte está feita: ou vive ou não. Eu vou mantê-la em cuidados intensivos mais 15 dias, como decidido com a médica. Obrigada pelos votos e força dos amigos. Aceito contratos para cantar à hora, pós-laboral sobretudo, com viola e guitarra: jazz, espirituais e blues. Mas também aceito donativos: diretos para a clínica, para a ficha da Mitzie, claro. E sim, não tenho vergonha nenhuma de amar perdidamente a minha família, os meus amigos e os meus animais.